quinta-feira, 15 de julho de 2010

- Bezerra de Menezes: O diário de um espírito

Carlos Vereza dá vida à personagem título do filme "Bezerra de Menezes: O diário de um espírito" (2008).
Foto: Divulgação.

Não quero falar muito sobre esse filme... Nem teria coisas boas. É uma grande narrativa enfadonha carregada de equívocos. Para mim, que vi com amigos também artistas de Fortaleza, o melhor da produção foi reconhecer amigos e conhecidos em cena.

Por que será que fez sucesso no país? 17 semanas em cartaz? Eu não entendo. Ok, as pessoas podem estar se interessando bastante pela temática espírita, mas será que vamos ao cinema apenas para valorizar o cinema nacional? "Chico Xavier - O filme", outra produção sobre um médium brasileiro, foi um estrondoso sucesso, mas, para mim, completamente imerecido.

Acho ótimo que se faça cinema no Ceará! Nossa, isso é muito bom, traz investimentos, os atores se profissionalizam mais, etc, etc... Mas e a qualidade?

"Bezerra de Menezes: O diário de um espírito" não tem texto! Se eu fosse ler o script talvez morresse de tédio. E o filme tem apenas 70 minutos, mas a gente se esforçou para chegar ao fim.

A direção, assinada por Glauber Filho e Joe Pimentel, parece inexistente, desde a parte técnica às interpretações. A câmera é mantida estática quase que em todo o longa. Os atores têm blocos enormes de textos e não conseguem transmitir realidade nenhuma (a cena de "multidão" na sala de aula chega a ser constrangedora). Bem complicado... Lamentável até.

- Adaptação

Chris Cooper (John Larouche, em primeiro plano) admira uma orquídea, visto por Meryl Streep (Susan Orlean, ao fundo) em "Adaptação" (2002).
Foto: Divulgação.

Curtindo as férias, já que o emprego só começa semana que vem e a faculdade terminou (glória a Deus!), fui ver uns filmes com uns amigos. Dentre váááários, escolhemos "Adaptação" (Adaptation), uma produção norte-americana de 2002 dirigida pelo interessantíssimo Spike Jonze, que, em 1999, tinha lançado "Quero ser John Malkovich".

Tanto este como o anterior partiam de textos do genial Charlie Kaufman (também de "Brilho eterno de uma mente sem lembranças"). Aqui Charlie sai da zona de conforto de deus para as suas personagens e se inclui na trama, mostrando as dificuldades de uma adaptação literária. No elenco estão Nicolas Cage, Meryl Streep, Chris Cooper e mais um monte de bons atores em participações especiais, como Catherine Keener, John Malkovich, Cara Seymour, Maggie Gyllenhaal e Tilda Swinton.

A oportunidade foi perfeita para Cage e Cooper se reinventarem como intérpretes. O primeiro (que já havia dado demonstrações concretas de talento dramático em "Despedida em Las Vegas", pelo qual recebeu o Oscar de Melhor Ator em 1996) provou que não é apenas artista para filmes de ação ou comédias sem profundidade.

Chris Cooper, por sua vez, consegue o máximo de domínio em cena, tornando a personagem John Laroche agressivamente real. Recebeu um merecido Oscar de coadjuvante em um ano de grandes competidores, como Ed Harris ("As horas") e Paul Newman ("Estrada para perdição").

A crítica Pauline Kael, falecida em 2001, que escrevia para o "The New Yorker" e era uma das mais temidas dos Estados Unidos, dizia que não via um filme duas vezes. Penso que ela acreditava que aquela primeira impressão era menos... complacente com os defeitos que a produção poderia ter... Não sei se ela tinha razão. Nesta segunda vez, pude entrar mais fundo no universo mostrado na tela.

Eu vi "Adaptação" no cinema em 2003 e rever agora me trouxe outra impressão da qualidade desse trabalho. Pude rememorar o texto super bem elaborado, assim como me maravilhar com a direção segura. E, claro, ser surpreendido (adoro!) pelas interpretações.

O trio principal tinha um material excelente nas mãos e não ficou a dever. É muito bom ver como Kaufman (personagem) critica o irmão gêmeo (fictício) também roteirista, que usa diversos recursos  que considera clichês. Algumas tomadas depois, vemos se desenrolar no filme coisas iguais, mas não caem no lugar comum porque os atores sustentam o conflito.

Acabando o filme, a impressão que eu tenho é que "Adaptação" é quase como a orquídea preciosa que Larouche buscava. Não se vê em todo canto, tem que entrar na mata e se arriscar para conseguir. Spike Jonze e a equipe foram muito corajosos. Nós, plateia, temos a flor de mão beijada. Acho que eu soube apreciar.

- Começo

Provavelmente por estar com bastante tempo vago, enquanto espero o começo do meu novo emprego, e por estar vendo e revendo muitos filmes tenha surgido a vontade de dar vida ao blog.

Há anos tinha feito o umameiaporfavor.blogspot, principalmente para garantir a propriedade do nome (que eu acho legal hehehe). A ideia era que, em algum dia, eu iria começar a escrever minhas impressões sobre filmes e peças.

Bem, peças não estão no plano de agora. Minha criticidade (muitas vezes exagerada) não agrada aos meus colegas artistas, que se acham o centro de tudo e levam o comentário para o lado pessoal, evitando entender como uma breve análise sobre o trabalho apresentado. Não tô com ânimo para discussões bobas. Mas posso voltar a tê-lo amanhã.

Cinema... Eu não costumo ver tantos filmes quanto eu gostaria, porque o ritmo de atividades diárias me ocupa bastante. Mas aqui serão registradas breves (ou não) interpretações sobre as produções a que assistir.

Quem sabe, se eu tiver disposição, paciência e tempo eu vá falar sobre mais assuntos... Outros tipo de demonstrações artísticas, como pintura, dança, circo, possam tomar espaço aqui. Ou, ainda, eu ultrapasse o limite que me imponho de comentar produtos culturais e fale sobre a vida, sobre a política, sobre o Brasil, sobre Deus, sobre o que considero justo ou não...

As possibilidades são muitas e não vou me privar. Meu espaço, não é?! Então vou por aí... Se der escrevo aqui para dividir um pouco os meus pensamentos. Espero que você, leitor (se existir), tenha uma leitura pelo menos agradável. Porém não esqueça que os escritos são apenas... impressões.